Terapia custa caro?
- Thassio Queiroz
- 22 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de nov. de 2024

Talvez você já tenha ouvido falar que "terapia custa caro", ou que "é para poucos". Essas afirmações são mesmo verdade? A resposta para essa pergunta é, naturalmente, relativa. Depende tanto das condições financeiras de cada um quanto da importância que cada um dá ao cuidado de si mesmo. É fato que a terapia, infelizmente, não costuma ser acessível a todos. Mas há alternativas que ampliam o acesso a esse serviço. É possível, por exemplo, encontrar terapia gratuita (como nas clínicas-escola de universidades, onde os atendimentos são feitos por estudantes) e por valor social (preço bem abaixo da média de valor praticada pelos profissionais, ofertado em caráter excepcional para pessoas de baixa renda). Porém, é importante saber que, assim como em qualquer serviço (o mesmo vale para mercadorias), existem razões para que o preço cobrado seja maior ou menor. Devemos considerar que, no preço que um profissional estipula para seu serviço, estão incluídos não apenas o tempo e esforço que ele dedica a quem o contrata, mas também anos de formação e experiência. Vale ressaltar que parte do valor que um terapeuta cobra é reinvestido na sua formação e aprimoramento, que nunca acabam. Optar pelo menor valor, portanto, nem sempre representa uma vantagem. No longo prazo, um serviço (ou produto) mais barato pode acabar saindo mais caro.
A ideia de que a terapia é menos cara para quem tem uma condição financeira mais confortável é fácil de deduzir. Mas como a noção de "caro" muda de acordo com a importância que se dá ao tratamento? É simples: "barato" e "caro" têm um componente subjetivo. Por exemplo, você pode achar que pagar algumas centenas de reais em um show é caro. Mas se é o show da sua banda favorita, que você sempre sonhou em ver ao vivo, talvez o dinheiro gasto se torne insignificante frente à experiência que ir a esse show pode lhe proporcionar, e você "pague feliz". É por isso que o conceito de "caro" depende da importância que o que está sendo pago tem para quem está pagando. Uma terapia sempre pode parecer cara para alguém que não entenda a importância que ela pode ter na sua vida - ainda que o valor da sessão seja relativamente barato, e que até mesmo um valor maior não fizesse falta para essa pessoa. Se ela não reconhece o valor desse serviço para si, qualquer valor se torna caro.
De todo modo, a pergunta sobre se a terapia custa caro coloca toda a ênfase na despesa financeira, negligenciando o ganho que esse processo traz, que, muitas vezes, "não tem preço". Não é, portanto, um dinheiro gasto em vão; a terapia é um investimento em prol de uma melhoria permanente na qualidade de vida. E esse investimento, aliás, não é apenas financeiro: começa, antes de mais nada, na vontade sincera de sair do lugar onde se está - e que faz sofrer, ou impede de desfrutar da vida. Há também um investimento de vontade, de energia, de tempo. Sem isso, mesmo o investimento financeiro e o esforço do terapeuta não serão suficientes. A terapia não é um processo passivo. O(a) paciente é o(a) protagonista.
No momento atual, o custo de vida, de fato, está alto para a maioria das pessoas. Sendo assim, comprometer-se com um investimento em uma psicoterapia pode representar uma despesa significativa e requerer algum planejamento financeiro. Mas esse planejamento, às vezes, não requer muito mais do que a redefinição de prioridades. Se você pode gastar bastante dinheiro em um fim de semana, ou com compras supérfluas, por exemplo, talvez a terapia não seja cara; você só escolheu outra prioridade. Renunciar a certas coisas em prol da terapia pode, inclusive, ser um movimento importante no sentido da cura. Quando cuidar de si se torna mais importante do que alguns pequenos prazeres, você tem em si um importante aliado para avançar no seu processo.
Para responder à pergunta de se a terapia é cara, é válido se perguntar, primeiro, quanto a sua saúde e o seu bem-estar custam para você. E o quanto custa para você conviver seus conflitos ou com um adoecimento mental - inclusive no sentido da sua produtividade laboral, em alguns casos. Como dizia Freud, "nada é mais caro do que a doença - e a estupidez.".