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Qual é a diferença entre psicoterapia e psicanálise?

  • Foto do escritor: Thassio Queiroz
    Thassio Queiroz
  • 27 de jun. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 7 de jan. de 2024




Para quem não é da área "psi", é comum não saber muito bem a diferença entre psicoterapia e Psicanálise. Afinal, para quem vê "de fora", parecem ser dois processos idênticos. É comum, por exemplo, que a Psicanálise seja associada ao uso do divã, e aos estudos de Sigmund Freud sobre o inconsciente. Mas existe uma diferença, afinal? A resposta é sim. Mais de uma, aliás. Mas antes de entendermos as diferenças entre esses dois tipos de tratamento, é importante destacar o que eles têm em comum. Tanto a terapia quanto a análise são espaços de acolhimento e manejo do sofrimento psíquico, onde se pode falar livremente de si, sem qualquer tipo de censura - ou de julgamento por parte do profissional. Ambas visam à construção de uma maior autonomia do sujeito, tornando-o mais capacitado a enfrentar os desafios da vida. Também propõem um exercício da capacidade de se "visitar", se perceber e falar de si, o que pode ser sintetizado na expressão "autoconhecimento".


Vejamos, agora, as diferenças. Existem fatores mais técnicos que diferenciam uma psicoterapia de uma análise. Faremos uma diferenciação em linhas gerais, a fim de facilitar a compreensão. Em primeiro lugar, deve-se fazer a ressalva de que não existe um único tipo de psicoterapia, mas vários. Elas decorrem de diferentes linhas teóricas e técnicas da Psicologia, chamadas "abordagens". Dentre elas, existe a psicoterapia de base psicanalítica, que é a abordagem que utilizo. Assim, embora não se trate de um processo de análise propriamente dito, a psicoterapia de base psicanalítica preserva o olhar e algumas técnicas da Psicanálise.

O termo "psicoterapia" é um termo genérico. Para alguns, a análise é também considerada uma psicoterapia. A psicoterapia é uma prática que se utiliza da palavra para tratar de diversas questões que geram sofrimento ou questionamentos em uma pessoa, que sente necessidade da ajuda de um profissional capacitado para conseguir resolvê-las. Via de regra, a psicoterapia tem um objetivo mais pontual e reparador, embora o processo terapêutico possa se abrir, em seu decorrer, para outras questões, que nem sempre eram percebidas, de início, pela pessoa que procurou o tratamento. O objetivo costuma ser o alívio de um sofrimento ou resolução de um problema. Para isso, a terapia propõe um espaço para a compreensão e desenvolvimento da capacidade de lidar com esse problema, sem necessariamente adentrar uma investigação mais aprofundada da vida dessa pessoa.

Já uma psicanálise, ou simplesmente "análise", consiste em um método de tratamento que também funciona, fundamentalmente, a partir da fala, e também costuma ser buscado como resposta a um sofrimento ou a uma interrogação. Uma análise, a propósito, é um constante interrogar-se. Ela demanda um maior protagonismo do sujeito no processo. Nas sessões, o sujeito em análise (analisando) dá livre vazão aos seus questionamentos e pensamentos, seguindo o seu fluxo espontâneo, sem se preocupar com a conclusão de um raciocínio ou relato: ele apenas deixa-se levar, sem escolher o conteúdo da sua fala. Esse deixar-se levar pelos pensamentos conduz a informações e lembranças antes ignoradas - em grande parte, inconscientes -, que contribuirão para a elucidação do que acontece com esse sujeito hoje. Uma análise, portanto, apesar de ser motivada por uma queixa, não se limita a ela. Visa a uma transformação global, não apenas à resolução de um problema. É mais indicada para quem habitualmente se interroga sobre si mesmo e almeja mudanças mais profundas no seu jeito de ser, na sua relação com os outros e com a vida, e está disposto a abrir mão de ilusões que embasaram sua vida e assumir a responsabilidade por ela, o que possibilita uma relação mais honesta com a existência e a condição humana.


Não é incomum que uma pessoa tenha experiência com um processo de psicoterapia e sinta a necessidade de realizar uma análise - ou vice-versa. É possível passar pelas duas experiências, e ambos os tratamentos são úteis, embora um ou outro seja mais indicado para determinados casos. O importante é não deixar de procurar tratamento quando necessário.

 
 

Thassio Queiroz de Araújo       CRP 01 - 21750        (61) 9633 0368

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